As cartas que eu não mando

Como vão as coisas?
De mês em mês, eu me sento pra escrever pra você, e você nem sabe disso.
Já faz tempo que eu me perdi de você. Guardo pra te dar as cartas que eu não mando, conto por contar e deixo em algum canto.
Vi alguns amigos tropeçando pela vida, andei por tantas ruas, são estórias esquecidas que um dia eu quis contar pra você.
Eu fico imaginando sua casa e seus amigos, quem te dá abrigo e eu me lembro que eu já contei com você.
As pilhas de envelopes já não cabem nos armários, vão tomando meu espaço, fazem montes pela sala, hoje são a minha cama, minha mesa, meus lençóis e eu me visto de saudades do que já não somos nós.

Leoni

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