Despedida

Com seus olhos fixos no chão, ele estava sentado na calçada quando eu cheguei. Ao me ver, ele levantou lentamente sua mão e acenou. Sua aparência era triste, mas ele se esforçou para sorrir.
Aproximei-me calmamente, então ele levantou e me abraçou. Foi um abraço longo e intenso, parecia de despedida. Olhou em meus olhos, beijou meus lábios secos e disse que me amava.
Vi a tristeza em seu olhar. Perguntei o que havia acontecido e ele disse-me baixinho em meu ouvido:
Preciso ir...
As lágrimas correram seu rosto. Sentou-se novamente, mas dessa vez com as mãos escondendo a face molhada.
Sentei-me também e lhe fiz compainha. Ainda sem entender o motivo, perguntei mais uma vez o que havia acontecido. Ele não soube explicar e foi embora sem olhar para trás.
Dias depois recebi uma ligação, era ele. Sua voz rouca e grave disse-me que nada mais dava certo entre nós e, sem esperar resposta, desligou. Mais uma vez fiquei sem entender nada.
No mesmo dia, um pouco mais tarde, sua mãe veio conversar comigo. Ela explicou-me o motivo de ele estar assim. Um rio de lágrimas desceu de meus olhos. Meu eterno amor escondeu sua doença de mim e em nenhum momento ele se mostrou frágil ou sensível.
Liguei várias vezes e fui até sua casa para poder ter conversa, mas ele não queria sair de seu quarto enquanto eu não fosse embora.
No dia seguinte sua mãe ligou dizendo que ele se foi para sempre e que deixou uma carta para mim.

Sophie,
Perdoe-me por não ter lhe contado e por não lhe deixar ficar por perto nestes últimos dias, você não merecia ver-me definhar e nem eu queria que você visse-me assim.
Quero que sabias que eu te amo muito, mais que a mim mesmo e quero também que você guarde apenas nossos momentos felizes, que foram muitos.
Meu amor, não chores por mim. Quero o teu sorriso clareando teu belo rosto hoje, sei que isso deve ser difícil para você agora, mas tente esforçar-se por mim.
Estarei a te observar até o dia em que poderei abraçar-te novamente.

Do sempre seu,
Jullius.
               
                Como ele disse na carta, era difícil mostrar meu sorriso em um momento como aquele. Mesmo com uma dor terrível no peito, mesmo sentindo que a qualquer momento eu iria desabar em lágrimas, eu iria atender ao último pedido seu.

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