And then I say maybe...
Depois da última noite de chuva, ela acordou e ficou ali sentada na cama, de frente para a janela. Ela gostava do barulho da chuva, da claridade dos relâmpagos, do ruído dos trovões e dos pingos escorrendo por aquela janela.
Ela mal conseguia ver a serra do lado de fora e, naquela manhã, os pássaros e borboletas estavam escondidos em algum lugar.
Era uma manhã fria, congelante. Seu corpo a toda hora se arrepiava com a brisa gélida que entrava por entre as frestas do telhado.
Seu rosto estava molhado. Ela ainda sentia falta do calor que ele transmitia, dos beijos demorados que ele lhe presenteava, dos abraços apertados intermináveis, do cheiro que o corpo dele exalava, dos olhos que lhe eram intensos.
No celular, uma última mensagem.
I’m still in love with you.
O problema era que ele não estava mais ali... não mais.
“And then I say maybe...
Maybe I'm in love with you…”
Maybe - Brainstorm
Comentários
Nada pode o ouvido contra o sem sentido apelo do Não.
As coisas tangíveis tornam-se insensíveis a palma da mão.
Mas as coisas findas, muito mais que lindas,
Essas Ficarão.
Carlos Drummont de Andrade.
Satyagraha*
O texto é lindo, evoca a cena, o lugar, a chuva, a solidão, com uma perfeição milimétrica. Cada um de nós terá que responder às infindáveis perguntas que um momento como esse nos traz, quando o frio evoca aquela proteção tão bem vinda; quando se acorda no meio da noite, quando se busca num celular uma última mensagem que não é mais uma, mas a última mesmo...
Amei.
Beijo carinhoso
Lello Bandeira