Os dias de chuva são sempre tristes e amargos.

O vento lá fora estava soprando um jato de ar enlouquecido, as folhas da árvore da frente daquela casa estavam dançando freneticamente para lá e para cá.
Ela estava sentada em um balanço na varanda. O ar enlouquecido bagunçava seus cabelos cor de sangue. Seus olhos, cor de Jade, fitavam o céu que estava pronto para mais uma tempestade.
Ao longe ela avista uma silhueta carregando uma bolsa de lado. O carteiro. Ele estava trazendo a resposta que ela tanto esperava.

Querida Brenda,
               
Sinto em dar-lhe esta notícia, mas não posso mais voltar. As coisas aqui estão cada vez mais tomando meu tempo e não posso mais “brincar de casinha” com você. Sinto muito, mas não sou o mesmo Christian de antes. Eu mudei muito e meu sentimento por você também.
Agora preciso que você pare de enviar-me estas cartas com frases de amor e outras coisas melosas, vai ser melhor assim.
Mesmo sabendo que não, espero que você fique bem e esqueça-me depois desta última carta. É este o pedido que lhe faço.

De quem nunca quis te magoar,
Chris.

A resposta que ela esperava não era esta e a notícia que ele escondia era um triste fim para a história tão linda que os dois tiveram no passado.
Chris, depois que foi embora, ficou muito doente. Seus pais até achavam que era doença de menino apaixonado e que logo ele esqueceria aquilo tudo. Na verdade era uma doença de menino apaixonado, mas os pais só vieram dar atenção depois que Chris entrou em um estágio profundo e irreversível da depressão. Os médicos não deram mais que um mês a ele.

Ao terminar de ler aquela carta, Brenda não acreditava no que aquelas palavras lhe diziam e percebeu que algumas letras continham mais tinta que outras. Christian, sabendo que seus pais iriam ler aquela carta antes de enviá-la, havia lhe enviado uma mensagem escondida pela dor: “Eu ainda te amo muito, não esqueça-me.”

Comentários

Thaíla disse…
Fiquei aflita, hahahaha.
As vezes é tão delicado mecher com essas coisas do coração. Tão.

Adorei a cara nova do blog =D
Fernanda Soares disse…
Delicado e complicado.

Obrigada por ter gostado do blog assim!! ;D
Anônimo disse…
Nanda,
Adoro seus textos, sua sensibilidade, seu toque sutil de mistério algumas vezes contido nas entrelinhas, sua imaginação aguça minha imaginação e várias vezes tenho vontade de continuar o texto, mas me falta coragem de tal petulância.
Esse texto em especial me tocou por uma sérias de coisas, a iminência da tempestade, o amor proibido entre os dois, a esperança contida na carta... O Amor sempre vence. "...e havendo profecias serão aniquiladas, havendo línguas cessarão, havendo ciência desaparecerá, porque quando vier o que é perfeito, o que é em parte será aniquilado..." (1º Coríntios 13).
Parabéns pelos textos, acho que você deveria pensar seriamente em publicá-los em um livro.
Bjos. Saudade!

Satyagraha*
Tha'li disse…
adorei seu texto!!!
vc tem muito talento, continue sempre assim...

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