I'm trying to find my way out of it ... ♪


― O que você está fazendo aí olhando pro nada?

― Você acabou de responder à sua própria pergunta. Estou aqui olhando para o nada.

― E hoje você está antipática como sempre.

― Exatamente. Como sempre.

― Agora vai repetir tudo o que eu digo?

― Se você parar de falar, eu paro de repetir. (sorriso sem graça, voltando a ficar séria e olhar através de janela)

― Já sei o que você tem!

― Então por que ainda insiste em “querer” saber por que estou olhando para o nada?

― O que aconteceu dessa vez, hmm?

― Gosto de sentar em frente a janela e ver os desconhecidos que passam lá fora. Eles carregam consigo vidas, desejos, tristezas, alegrias, novidades. E aqui dentro só existe o vazio e a mesmice. E sabe o que aconteceu? Nada. Absolutamente nada. Apenas isso. Só e absolutamente, nada!

― E o que você vai fazer em relação a isso?

― O mesmo. Só e absolutamente, nada. E, mais uma vez, vai cair no esquecimento. Vou viver minha vida, cometer os mesmos erros. Ou não. Talvez dessa vez eu aprenda. Tenho que aprender.

― Você sabe que não precisa ser assim, não é?

― Sim, eu sei. Mas não depende só de um, não pode ser vivido apenas por um, não quero ser só um. Eu quero dois. Dois pensamentos parecidos, dois gestos diferentes de afeto, duas trocas de vivências. Dois, para que no final, dois mais dois seja igual a um. Ser um do começo ao fim não me é suportável.

― Por que você não tenta conversar?

― Pra que? Para eu ouvir coisas que não irá me fazer bem, coisas que não irão resolver nada? Não quero ouvir: “... eu sei, mas eu...”. Cansei de “mas isso, mas aquilo”.

― Você está certa, não vai resolver nada mesmo. E, sabe de uma coisa? Você é bem melhor sozinha do que mal acompanhada, rs. Vem, sai dessa janela e deixa o vazio de lado.

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