A dor do amor
“Andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro - mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo, há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo. Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.”Caio Fernando de Abreu
Discordo do Caio, mesmo não ter perdido amores para a morte ainda, pois, como ele disse, isso é inevitável. Mesmo assim discordo e já estive/estou longe de que amei/amo.
Ele não morreu, só ficou/está distante. E, sim, a distância dói, dói bastante. Mas isso não quer dizer que eu prefiro ele morto só por não tê-lo mais por perto, pois assim seria mais suportável. Não precisaria vê-lo e pensar no que poderíamos ter vivido juntos, pois com ele morto, não doeria tanto a sua presença. Não precisaria querer tocá-lo e sentir seu calor junto ao meu corpo, pois o gélido véu da morte já lhe estaria abraçando.
Posso ter uma ideia diferente da sua ao ler esse pensamento de Caio, talvez até concorde comigo ou nem pense igual a mim nem muito menos igual a Caio, mas prefiro ter meu amor vivo e feliz ao lado de outra pessoa, pois terei a certeza de que ele está bem. Prefiro ele vivo, pois terei mais uma chance de ver seu sorriso ao longe, de sentir o cheiro de seu perfume no ar, de observar seus gestos ao caminhar despreocupado pela rua.
Sim, isso também dói. Dói vê-lo vivo e distante de mim, mas assim posso ouvir sua voz mais uma vez, mesmo que seja para xingar-me ou não, mesmo assim estarei feliz em tê-lo por perto. Pois isso, isso sim é o amar, porque se ele morrer, uma parte de mim irá morrer junto com ele. Aí sim, aí é que me vai doer mais ainda, é aí que não vou suportar, pois uma parte de meu coração foi arrancada para sempre e não verei mais seu sorriso, nem sentirei seu perfume, nem verei seus gestos despreocupados, nem muito menos saberei se irei amar como amo novamente.
Comentários
Saudades daqui.
Eu comecei a evitar comentar Caio Fernando Abreu, pois normalmente as pessoas que o transcrevem tem verdadeira adoração por ele, e ele é o escritor das coisas superficiais por excelência. Ainda não encontrei um só texto dele com o qual um ser sensato pudesse concordar, então, se eu comento dizendo a verdade, a pessoa para de falar comigo. Como não sei mentir, acabo não escrevendo.
Está óbvio e evidente que a perda do amor não é nada diante da morte. Como alguém pode acreditar que ela é ainda pior?! A morte é irreversível. A perda do amor é reversível de vinte modos diferentes. Quem ama dá a liberdade de ficar e de partir, senão não ama, pois não quer a felicidade do outro, quer somente a sua. Só quem já perdeu alguém importante sabe que nada se compara à morte. Absolutamente nada.
Um beijo carinhoso, princesa
Lello
pelo que eu li eu não vi em nenhum momento o Caio falar que é melhor o seu amor estar morto do que ao seu lado. O que eu entendi é que quando o seu amor está vivo, mas morto para você dói mais. Porque você poderia tê-lo, porque ele está vivo, mas não tem porque ele morreu (pra você)
eu entendi isso.
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